A lógica docens e utens
13 de janeiro de 2025
Pedro Araújo
O objetivo deste artigo é determinar a importante questão acerca da utilidade e da pureza (de ensino) da ciência lógica, na tradição medieval, quando essa ciência se divide nas suas duas partes fundamentais, justamente, em lógica docens e em lógica utens. Estes termos podem traduzir-se, em boa tradução, por lógica pura e lógica aplicada. Neste artigo, tratar-se-á das sutis distinções de Tomás de Aquino quando aponta, à ciência lógica, três características que vão distinguir as suas partes formais: o uso da lógica, a ciência da lógica, e a doutrina da lógica. Nesta acepção do termo “lógica”, quer-se apontar para certas propriedades de suas partes, quais sejam: a demonstrativa, a dialética, também designada de tentativa, e a sofística. Santo Tomás assinala que, em senso próprio, a lógica demonstrativa, no ensino mesmo da lógica, é tão somente uma doutrina; ao passo que a dialética e a sofística são, além de uma doutrina, uma ciência e delas se tem um uso. Como se verá neste artigo, a razão dessa distinção baseia-se no fato de que é da razão formal mesma da lógica em geral lidar tão somente com coisas ideais, e não reais, como o restante das ciências especulativas. Assim, tomando-se o termo ciência em acepção latíssima, antes no sentido da atividade pedagógica, do que pela razão formal mesma de ciência, a dialética e a sofística reconhecem-se como ciências, ainda que esta seja preterida em benefício da primeira.
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