Pedro Araújo
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Barão do Rio Branco e a propaganda republicana

11 de dezembro de 2024

Pedro Araújo


Barão do Rio Branco, em cartas escritas a amigos, atribui três grandes problemas não resolvidos à queda do Império, que são: o problema abolicionista, o problema militar e o problema da federação. O mais importante, todavia, é que, em si mesma, não havia na propaganda republicana nem núcleos eleitorais relevantes, nem jornais, que a apoiassem, em grande número, e nem líderes verdadeiramente representativos dos anseios populares. O que se deve notar é justamente isto: o golpe de Estado das eleições de 2022 tem todos os mesmos característicos de nulidade do movimento político que enfeixou a proclamação da República.

De todo modo, de acordo com o Barão, o chamado problema abolicionista consistiria na mera liberdade de letra concedida aos escravos, sem que, junto a isso, as condições socioeconômicas de efetivação dessa liberdade fossem, também, possibilitadas pelo ordenamento legal. O problema militar reduzia-se a um certo esquecimento das armas da Marinha e do Exército pelo Império, no sentido tanto de sua formação técnica, que se ausentava, se pareadas com as do exterior, quanto de uma justiça na proporcionalidade dos soldos a serem recebidos pelos homens de armas. Por sua vez, o problema da federação, a Rio Branco, extrair-se-ia do fato de que a divisão maior dos poderes dos entes federativos, por força, haveria de opor-se ao que mais almejava, durante o seu semissecular percurso histórico, o Império mesmo: a unidade do Estado; coisa que dava o próprio sentido a todos e a cada um dos atos administrativos e legais do antigo regime político.

Ora, problemas havia. Mas o maior e único dos problemas históricos, a nós, compreende-se pelo sem-razão da frutificação de uma República que, sem líderes, sem jornais, e sem eleitores, em número relevante, passou a existir.